ÍCONES DA ILUMINAÇÃO: DAN FLAVIN – O ARTISTA DA LUZ FLUORESCENTE

        Dan Flavin foi um grande amante da luz e ficou conhecido por utilizar a luz fluorescente para explorar as cores e o espaço, refletindo um estilo minimalista por mais de três décadas. Ao declarar que um tubo de luz fluorescente poderia se sustentar como uma obra de arte, Flavin desafiou corajosamente a história da arte, onde não houve mais a separação teórica da entre arte e vida cotidiana. Sua única referência é a realidade, o contexto e a percepção do espectador. Flavin foi pioneiro no uso da luz na arte modernista.

05 de DEZEMBRO de 2022

Dan Flavin

Dan Flavin

Dan Flavin  (1933 à 1996) Um Artista Minimalista

   

    Nascido em 1 de abril de 1933, em Nova York/EUA. Daniel Nicholas Flavin Jr. possui um início de história peculiar. Inicialmente começou seus estudos em escolas católicas, entre os anos de 1947 a 1952. Após este período se alistou na Força Aérea dos EUA, onde formou-se técnico em meteorologia do ar. Começou seus estudos com arte aos 23 anos de idade, quando estudou arte com Albert Urban (pintor, escultor e professor) por um breve período na Escola de Belas Artes Hans Hofmann. 

      Em seguida estudou história da arte na New School for Social Research, mudando-se posteriormente para a Universidade de Columbia para estudar pintura e desenho.

        Apesar de já ter iniciado seus estudos relacionados à Arte, Dan Flavin começou a trabalhar na sala do correio do Museu Guggenheim e depois foi guarda e operador de elevador no Museu de Arte Moderna. – Foi lá que ele conheceu e teve contato direto com artistas como: Sol LeWitt, Lucy Lippard e Robert Ryman.

        Com 26 anos de idade, Flavin fez seus primeiros trabalhos como artista, na pintura e no desenho com reflexos do Expressionismo abstrato. Fez também colagens e assemblages (arte que  une objetos, por colagem ou encaixe, expressando o seu imaginário) onde era incluído objetos encontrados nas ruas, bem como latas esmagadas. 

1960-1962, lata triturada

      “Pode-se não pensar na luz como uma questão de fato, mas eu penso. E é, como eu disse, a arte mais simples, aberta e direta que você jamais encontrará.” — Dan Flavin, 1987

Sua primeira obra com iluminação:  Ícones , composta por estruturas quadradas com lâmpadas incandescentes e fluorescentes fixadas em suas laterais.

Iluminação

       Em 1961, com 28 anos de idade, começou a fazer esboços para esculturas integradas à iluminação. A partir de então sua marca registrada passou a ser a criação de obras artísticas (esculturas) com o uso de estruturas de luz fluorescentes de diversas cores. A maioria de suas obras possuíam uma característica singular: as esculturas não recebiam títulos, e sim homenagens com o nome de pessoas especiais para Dan Flavin. Segundo ele, o nome afeta a interpretação, e o autor não quis impor nada ao espectador. E essa característica começou com a sua primeira obra em luz fluorescente: “Ícones”, onde homenageou seu irmão gêmeo David Flavin que faleceu em 1962.

        A partir de 1963 que Dan Flavin começa a utilizar somente a iluminação fluorescente em suas esculturas.

 

A obra Diagonal of Personal Ecstasy (1963), representou o momento de “epifania” em sua carreira. Uma luz fluorescente de 2,44m na parede de sua oficina em um ângulo de 45 graus.

     A obra de 25 de maio de 1963, dedicada à Constantin Brancusi (foi o mais célebre escultor romeno e um dos principais nomes da vanguarda moderna) , foi o seu primeiro trabalho a ser utilizado exclusivamente a luz fluorescente, onde posicionou-a em um ângulo de 45° contra a parede. Flavin ficou tão impressionado com o resultado da obra, que declarou que ela era a sua “diagonal de êxtase pessoal”, chamando-a então de “Diagonal”.

Obra sem título dedicada ao artista Barnett Newman (Pintor e escultor estado-unidense. A sua obra está associada ao abstracionismo, tendo sido um destacado integrante da pintura de campos coloridos.), faz referência a pinturas abstratas de Newman. Entretanto Flavin posicionou a obra de forma que a luz fluorescente pudesse se transpassar para o espaço ambiente em torno de toda a luminária.

        Newman não foi apenas influente para Flavin, mas suas pinturas foram mais amplamente um precursor do minimalismo, o movimento ao qual a arte de Flavin é frequentemente atribuída (embora o próprio artista nunca tenha aprovado o termo). Os minimalistas se inspiraram nas tendências de abstração do pós-guerra e desenvolveram uma estética fria e racional, expressa através do uso de materiais industriais, o apagamento da mão do artista do objeto e a implementação de formas geométricas neutras. 

(esquerda) Dan Flavin , sem título (para Henri Matisse) , 1964, luz fluorescente rosa, amarela, azul e verde, (244 cm) de altura, (à direita) Henri Matisse , Open Window, Collioure , 1905, óleo sobre tela.

        Dan Flavin era um grande amante da luz e, além de homenagear artistas especiais para si com as suas obras, ele também brincava com a composição e sobreposição das cores. Nesta obra não foi diferente: Dedicada ao artista Henri Matisse (artista francês, conhecido por seu uso da cor, foi um desenhista, gravurista e escultor, mas é principalmente conhecido como um pintor). Esta obra sem título proporciona ao observador uma curiosidade da luz: as luzes rosa, amarela, azul e verde se misturam para produzir uma luz ambiente branca.

        As cores desta obra não foram escolhidas por acaso, já que Flavin queria que o observador não focasse somente em sua obra.Como a luz colorida se comporta de maneira diferente do pigmento, as obras de Flavin geralmente desafiam as expectativas dos espectadores, que frequentemente se surpreendem e se divertem com a descoberta das propriedades da luz. Por exemplo, misturar cores em todo o espectro no pigmento torna a tinta preta; misturar as cores do espectro de luz resulta, em vez disso, a tem luz branca.

A Primary Picture, 1964, amarelo azul e vermelho 61cm e 122cm.

        Flavin usava sua arte também como forma de manifesto. Nesta obra Flavin escolheu propositalmente o canto da parede para colocar sua obra imitando um quadro, afim de ironizar e zombar da rigidez das tradições da arte e, consequentemente, “forçar” o observador a enxergar aquele lugar em específico. Dan Flavin sempre procurou explorar a arte como arte, e deixá-la livre e fora dos padrões tradicionais.

Pink Out of Corner (para Jarper Johns) 1963.

Pink out of corner (to Jasper Johns), 1963.

        Assim como a obra anterior, ‘Rosa Fora do Canto’ (para Jasper Johns) também teve o intuito de valorizar espaços “escuros”, espaços que não tem muita notoriedade e que acabam passando despercebidos aos olhos do observador. Colocar este único tubo fluorescente rosa de 2,5 metros no canto, iluminou o que é, por convenção, uma área escura do espaço da instalação. Revigorar o “espaço morto” com luz tornou-se uma poderosa técnica do artista.

Obra sem título (para Jan e Ron Greenberg), 1972-1973, luz fluorescente amarela e verde com 244 cm de altura, em corredor medindo 244 cm de largura.

        Dan Flavin integrou suas obras de forma mais profunda com a arquitetura, nas peças de “corredor”, como costumava chamar. É possível notar esta característica através da obra acima, onde Dan bloqueou um corredor com duas faces de tubos fluorescente na cor verde amarela, uma em cada face. O intuito era bloquear o acesso principal (corredor) e fazendo com que o observador encontrasse um caminho secundário.

        Segundo o artista, a luz muda a percepção do espaço, e sua insistência era fazer arte com “materiais reais no espaço real”.

DAN-Flavin

Dan Flavin

Dan Flavin faleceu em 29 de novembro de 1996, em Riverhead/NY devido a complicações por conta da diabetes. No inicio do ano seguinte a Dia Center For The Arts realizou um memorial em sua homenagem.

Durante sua vida foi também professor, recebeu diversos prêmios e medalhas,  e ao longo de sua carreira trabalhou a cada dia mais em obras maiores e monumentais. Nos dias atuais o reconhecimento do artista se perpetua através das suas obras e exposições.

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